sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Chipre

Vou pular a parte da visita da Bowens e da ida à Brescia pra ver a Cris e vou escrever antes sobre o Chipre, porque ainda tá fresquinho na cabeça e no coração.

Aii, meu Chipre... Não sei se é porque ainda estou nas nuvens de Chipre ou se realmente foi a melhor viagem do ano.

O Chipre foi o país mais misterioso e que mais aprendi em todas as viagens que fiz.
Em 1974 ele foi ocupado pelos turcos, gerando então uma divisão na ilha, na qual os turcos ficaram com 1/3 da ilha situada na parte norte e criaram, então, a República Turca de Chipre do Norte. Para passarmos de uma parte para outra (cipriota grega e cipriota turca), temos que apresentar novamente o passaporte. Eles não carimbam o passaporte porque essa parte norte não é reconhecida ONU, é reconhecida somente pelos turcos, então eles dão uma folha separada. Ressaltando também que a parte cipriota grega faz parte da União Europeia e a cipriota turca não. Resumindo, é um país dividido em dois, mas ao mesmo tempo se comporta como um só, entenderam? hahah Uma coisa bem maluca que fica até difícil de explicar.

Pra conhecer bastante do país resolvi me permitir uma semana lá e também tomei a decisão de ir sozinha, o que eu adooro!!! Viajar sozinha tem suas vantagens; eu sempre aprendo mais coisas, consigo fazer tudo de forma mais agradável respeitando o meu tempo, normalmente se conhece mais pessoas e eu sempre uso esse tempo pra refletir sobre a minha maravilhosa vida.

Nessa viagem em especial eu me senti a filha de Chipre. Todas (sem exceção) as pessoas que eu conheci me trataram como filha. Eu fui muito bem recebida, não consigo nem explicar. Desde a vontade de todos em querem conversar comigo, mesmo que meu inglês esteja beem enferrujado; os mimos que ganhei, desde almoço, chá com doces, aquecimento pago por um dos moradores do hostel, frutas, um café cipriota com direito a doces típicos embrulhado pra presente até uma entrevista de emprego com a pergunta “Quanto você gostaria de ganhar por mês?” e a afirmação “Podemos começar em março.”

Ok. Iniciei minha viagem em Paphos (parte cipriota grega e patrimônio mundial da UNESCO) e foi onde eu fiquei a maior parte do tempo. Você consegue cruzar o Chipre em umas 3 ou 4 horas de ônibus – é um país pequeníssimo, por esse motivo resolvi me alojar em um lugar e de lá fazer os passeios. Fiquei no Panklitos Apartments, é um hostel ÓTIMO em todos os sentidos, incluindo localização.
Bem, quando eu cheguei me dei conta de que eu levei o tipo de roupa errada pra lá. Justamente na semana que eu fui tinha entrado uma frente fria no país, o que baixou cerca de 10 a 13 graus a temperatura. O que aconteceu? Me fodi, passei frio hahah
Uma ressalva interessante pra quem tem vontade de conhecer: no verão a temperatura chega a 45 graus, o que é ótimo pra aproveitar as praias mas ruim pra visitar a parte histórica. Eu fui na baixa temporada (inverno), na qual as vantagens são os preços reduzidos, melhor aproveitamento da parte histórica e do tempo de viagem mas, em contrapartida, grande parte do comércio, hoteis e restaurantes está fechado.

No primeiro dia fiz as Tombs of the Kings, que não são tumbas dos reis e sim da aristocracia que vivia ali no período Helenístico e Romano. Esse sítio arqueológico é bem interessante e o que me chamou atenção é que é de frente pro mar. Achei legal ter visitado este primeiro, porque de todos, acho que esse é o mais “simples”. Valor entrada: 2,5 euros.
Todos os sítios arqueológicos que visitei me deram um pouco de medo pelo fato de eu ter estado sempre sozinha e por ter sempre uns buracos e passagens estranhas e escuras.

Bem, das Tumbas do Reis peguei um bus e fui conhecer o Castelo de Paphos e o cais. O cais é muito fofo e o castelo é legalzinho. Valor entrada castelo: 2,5 euros. Nessa tarde estava chovendo e ventando muito, então não consegui sentar no cais e ficar apreciando, acabou sendo uma visita rápida. Dali fui a pé ver os mosaicos dos quatro monumentos importantes: as casas dos deuses Dionísio, Teseu e Aion e a Villa de Theseus. O que sobrou disso tudo foram os interessantíssimos mosaicos que retratam a história da mitologia e que podemos fazer uma comparação com a vida real que eles levavam. É realmente maravilhoso e curioso. Valor entrada: 4,5 euros.

Dia 2: Passeei a pé pela zona arqueológica da cidade (grátis). Tinha visto uma árvore com uns panos amarrados quando estava andando de ônibus e resolvi voltar lá e ver o que era, acabei fazendo toda a região a pé. Primeira parada foi no Ancient Odeo, que é uma “torre” que restou em pé, nada de interessante. A segunda parada que foi incrível, a árvore com os panos amarrados. Solomonis Catacomb. Cheguei lá e fiquei reparando nos panos, quando notei uma escada pra descer. Liguei minha câmera e fui descendo e filmando ao mesmo tempo. Quando eu sentia um pouco de medo, eu ligava a minha câmera, filmava o trajeto e ficava conversando comigo mesma hahah doida. Bem, fui descendo e descobrindo. Descobri várias velas com quadros dos santos deles (eles são cristãos ortodoxos), uma espécie de salas que provavelmente moravam pessoas (algumas fechadas outras não). E então vi uma escada bem escura com vários degraus pra descer. E desci. Fui descendo, descendo e de repente pisei em água. Olhei com atenção e tinha um mini lago (não sei como se chama isso). Fiquei praticamente uma hora ali nessa “casa”, subindo e descendo os degraus sozinha e tentando construir tudo na minha cabeça haha. Descobri que os laços na árvore são pedidos que as pessoas fazem.

De lá fui voltando pro hostel a pé e encontrei mais uma catacumba, mas essa era gigante e não tinha nome. Entrei e fui descobrindo. Morri de medo também, porque era um labirinto meio escuro. Sei que depois de um tempo perdida lá dentro subi umas escadas e fui parar no teto da catacumba, onde então consegui ter a vista de Paphos e do mar. Foi lindo. Energia renovada. Depois fui até uma igreja grande que tinha perto, mas estava fechada.

Quando cheguei no hostel fiquei na recepção conversando e bebendo um vinho com o único morador do hostel, Petter. Ele deve ter 50 e poucos anos, quase 60 e é norueguês. Passado um tempo se juntou Lucas, um menino polonês que estava passando a semana no hostel. Ele tinha alugado um carro então combinamos de fazer um tour no dia seguinte.

Dia 3: Eu e Lucas pegamos o carro, que por sinal se dirige do lado direito (porque a Inglaterra administrou o país em um período, então deixou alguns costumes como este, o café da manhã inglês e o idioma, que não é o oficial mas todos falam) e partimos pra praia onde a deusa Afrodite nasceu. Segunda a mitologia grega e os cipriotas, acredita-se que ela nasceu da fecundação entre o órgão genital de Urano (que foi cortado pelo seu filho e jogado no mar) que, misturado com o mar, surgiu uma espuma branca que deu origem a Afrodite, a deusa do amor, da beleza e do sexo.
É uma praia de tirar as palavras da boca. A água é simplesmente muito azul e cristalina e as pessoas dão o seu toque fazendo corações com as pedras brancas locais. A praia é simplesmente lotada de corações, é maravilhoso. De lá fomos até uma cachoeira que estava escrita no guia do Lucas. Um lugar fantástico!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Se um dia eu for me casar e se puder ser em grande estilo, terá de ser lá! O Chipre todo é muito romântico e esse lugar é divino.
Bem, esse lugar na verdade é propriedade de uma pessoa que explora pra turismo. Ele tem a casa dele que fez um museu de fotos antigas e nos fundos um imenso quintal com duas cachoeiras incríveis. O lugar é muito tranquilo, lindo e você pode tomar banho. Ele é todo decorado com estátuas dos deuses da mitologia grega. Super recomendo. O dono desse terreno também construiu, sozinho, um mini anfiteatro.

Pegamos o carro e fomos pro Baths of Aphrodite, onde a deusa se banhava. É outro lugar impressionante. Um lago bem místico e diferente. Eu não tenho mais adjetivos pra usar pras coisas que visitei ali haha os lugares são todos perfeitos, não tem como explicar. São muito mais bonitos que nas fotos que eu tinha visto e nas fotos que eu vou postar. É realmente uma sensação inexplicável ver lugares assim tão diferentes.
Do Baths of Aphrodite, fomos ver o navio abandonado. Não está nos pontos turísticos. Um amigo do Lucas tinha dito pra ele ir visitar e resolvemos ir. Outro lugar fantástico. Acho que a foto desse lugar consegue transmitir um pouco da sensação que senti.
Voltamos pro hostel, descansamos um pouco e pouco depois resolvemos nos juntar de novo pra jantar a comida tradicional cipriota, MEZE. Você deve comer sempre em par, porque é uma quantidade enorme de comida e eles não fazem menos.
Meze é uma delícia! São pequenos aperitivos de mil coisas, mas sempre com o tempero especial deles. Na nossa meze tinha salada, queijo, kibe, macarrão, arroz, frango, porco, carne de vaca, alguns tipos de molho, chips (batata preparada em modo inglês), funghi empanado, molho de funghi e mais outras coisas que não lembro direito. Parece uma mistureba, mas vem tudo em porções pequenas e separadas, é bem diferente e gostoso.

Dia 5: Fui de ônibus pra capital do país, Nicosia (em grego) e Lefkosia (em turco). É a única capital europeia dividida em duas partes. No dia em que cheguei não fiz nada, tive uns probleminhas com o quarto que peguei e acabei ficando no hostel mesmo. No dia seguinte fui conhecer o lado turco da cidade. Ali foi uma parte muito interessante da viagem. Dei um giro a pé até encontrar os pontos turísticos que quis conhecer. O primeiro foi The Buyuk Han, que é uma construção antiga que hoje funciona um comércio. É bem fofinho e lembra qualquer coisa da Itália. De lá fui pra Saint Sophia Cathedral ou Selimiye Camii Mosque. É uma catedral gótica construída no início do século XXII que os turcos readaptaram para fazer uma mesquita, então ela é toda forrada com tapete e tem os negócios deles virados pra Meca, por isso as coisas parecem meio desorganizadas na parte de dentro, mas é legal. Tive que usar lenço no cabelo pra entrar e tirar os sapatos.

Quando sai de lá, dei uma volta pelas ruas centrais quando um menino pediu pra eu tirar uma foto pra ele. Bem, mil pessoas já tinham me alertado que os turcos iam ficar enchendo meu saco, principalmente por eu estar sozinha e etc. Não deu outra haha ele morava aí e esse foi o meio que ele usou pra puxar assunto comigo. Ele era paquistanês e, como eu não consigo ser grossa com as pessoas, eu fui deixando ele falar. Ele falou que ia me mostrar a parte onde as duas cidades se dividem e eu fui indo. Não tinha aceitado e pedi umas 3 vezes pra voltar porque fiquei com medo, mas a minha curiosidade era maior e acabei indo. Essa parte da cidade é meio que abandonada. Não tem comércio e poucas pessoas vivem ali, somente as que não tiveram condições pra se mudar. É uma região bem feia e eu fiquei bastante tensa o tempo todo, mesmo assim eu tirei umas fotinhos. Eu nunca sabia se podia tirar foto ou não, fiquei com medo que sacassem a minha câmera ou coisa do tipo. Quando finalmente voltamos pro centro ele insistiu em me pagar um kebab e depois de eu ter negado mil vezes, aceitei. Comemos o tradicional kebab turco com ayram - uma espécie de iogurte para beber. Saindo de lá ele quis me fazer experimentar o chá turco, aí a Bianca vai lá pruma loja de doces, come os doces e toma chá depois de ter almoçado haha.
Aí beleza, já estava ficando meio cansada. Fui atrás de um lugar onde eles apresentaram a Zorba’s Dance, que é a dança típica cipriota, mas aos domingos era fechado L bem triste, porque eu imagino que seja interessantíssimo. Procurei também um banho turco pra fazer (sei lá, querendo aproveitar tudo o que tinha), mas tinha que marcar horário e tal. Na real eu não sei direito como funciona esse banho turco. Eu pensei que era uma massagem com pedra, sei lá, mas acho que é algo diferente.

Dia 7: Dia de voltar pra Milão. Tomei um café com o Petter, o morador do hostel que eu estava em Paphos. Aliás, o café eu ganhei da dona do hostel com docinhos cipriotas de presente. Uma fofa.
O café cipriota é importado do Brasil, mas eles fazem de uma forma um pouco diferente.

Essa foi a minha super viagem pro Chipre!!!!!



Beijinhooooooooooooos

E ahhh, Feliz Natal e Ano Novo pra todo mundo!!!!!!!!!!!! A nossa felicidade é a gente mesmo que faz então bora ser muito feliz em 2014!!! Irraaaaaaa

Eu tinha colocado todas as fotos na ordem, mas o site mudou tudo do jeito que ele quis :(


Me despedi do Chipre com esse céu maravilhoso


Doce e chá turco

Kebab com Ayram

Uma das barreiras entre Chipre e Chipre do Norte

Região onde fica a divisa (e as barreiras)

Tombs of the kings

Tombs of the Kings

Tombs of the Kings

A proporção do vento é a mesma do frio que eu passei

Dentro de uma tumba

Tombs of the Kings

Castelo de Paphos

Cais de Paphos

Árvore com as fitas amarradas



A escada que eu fiquei com medo de descer haha (Salomonos Catacumb)

No final da escada

A catacumba gigante

Em cima da catacumba gigante com vista pro mar

Dirigindo do lado direito

Petra tou Romiou (onde a deusa Afrodite nasceu)

Praia onde a deusa Afrodite nasceu

mesma praia com os corações

Deusa Afrodite

Cachoeira onde quero me casar haha

Cachoeira onde quero me casar 2

Cachoeira 3

Baths of Aphrodite (onde a deusa se banhava)

Trilha de Afrodite

Navio abandonado

Visto pro lado turco

The Buyuk Han

The Buyuk Han

Sanit Sophia Cathedral (por dentro a mesquita)


Isso fica fora da catedral, não sei pra que serve. Pra lavar os pés?


Bandeira turca e da República Turca do Chipre do Norte

Dentro da mesquita

Região onde tem a divisa

região onde tem a divisa

Antigamente soldados da ONU ficavam ali observando a cidade, hoje não é mais necessário

3 comentários:

  1. Che bello è stato il tuo viaggio a Chipre, Bianca! Mi piace leggere come la tua vita è stata meravigliosa là in Italia :)... Saudades :)

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    1. Grazie Daniel!!!! Sì, è stato veramente meraviglioso lì in Cipro. È un paese molto misterioso. Vale la pena conoscerci. Adesso sono in Brasile... Forse tornerò qualche giorno in Italia di nuovo. :D Saudades!!!

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  2. Che bello! Sei di nuovo in casa :) buon capodanno, Bianca.

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